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As minhas mãos não são,
Nunca foram hábeis
Em acarinhar outra mão,
Em afagar outra face,
Em fazer cafuné,
Em se deixar deslizar por pescoço,
Nuca e coluna alheios
A suscitar suspiros, estremecimentos e frenesis.
Igualmente,
Não são,
Nunca foram hábeis
Em dar porradas,
No pugilato,
Em esmigalhar narizes e romper supercílios.
Os mais sinceros e delicados carinhos
Que já fiz,
As mais devotadas e incondicionais paixões
Que já despertei,
Os mais profundos gozos e apneias
Que já extraí
Deram-se pela minha escrita.
Minhas cartas, meus poemas, recados dentro de livros, bilhetes sob a xícara de café.
E os olhos mais inchados
E os corações mais rasurados
E as feridas mais indesculpáveis,
Também.
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